Mais de 600 empresários de Caruaru e região participaram, no último dia 2, do 1° Congresso de Tecnologia do Varejo, realizado pela Fecomércio-PE e o Sebrae-PE, no Centro de Convenções do Senac Caruaru. A abertura do evento contou com duas palestras do economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu, e da economista-sócia da Ceplan Consultoria, Tânia Bacelar, que fizeram um panorama dos cenários econômicos do Brasil e de Pernambuco, respectivamente. Em seguida o público teve a oportunidade de conhecer melhor a trajetória do Grupo JCPM e no período da tarde foram realizados seminários com temas ligados ao e-commerce, desenvolvimento pessoal e as novas tecnologias para o varejo.
Durante a solenidade de abertura, o presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac-PE, destacou a importância de um evento desse porte para a região. “Nós estamos vivendo um momento sério na economia. E esse congresso tem o objetivo de despertar no empreendedor a necessidade de inovar para o Varejo. Nós temos que acreditar que somos nós mesmos que vamos enfrentar e sair dessa crise. A sociedade civil pode e tem como mudar a situação com muito trabalho’, enfatizou.
De acordo com o economista Carlos Thadeu, o problema mais sério que o Brasil enfrenta é o desemprego, pois ele pode se tornar um agravante social. É importante que o empresário não se endivide, devido as altas taxas de juros atuais, para minimizar os impactos é importante baixar os preços de vez em quando. O mais fácil seria demitir, mas pior do que uma crise econômica seria uma crise social. Tudo que conquistamos nos últimos anos estamos perdendo” afirmou.A expectativa é até o final de 2015, serão menos de 1 milhão de postos de trabalho, de acordo com estudo do Conselho Federal de Economia (Cofecon). “O Comércio que não desempregava há anos, já é responsável por demissões significativas” disse. Em agosto, a CNC divulgou dados que apontam que o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) caiu 24,6% em relação ao mesmo período de 2014. Essa é a sétima queda consecutiva do índice este ano.
Com isso, a tradicional efetivação dos vendedores temporários de Natal está comprometida. A Confederação prevê que 2015 termine com um saldo negativo de 122 mil vagas no varejo. Já em 2014, o setor contabilizou 153 mil empregos a mais que no ano anterior. A intenção de contratação de funcionários no comércio caiu 4,6% na comparação mensal, e a percepção de estoques elevados afeta 35,2% dos empresários – nível recorde da série histórica.
Pernambuco
O cenário nacional também reflete na conjuntura econômica local. Após anos de crescimento da economia e do aporte de grandes investimentos, principalmente no setor da indústria, Pernambuco sente os reflexos da crise, especialmente na geração de novos empregos, na indústria e no segmento do comércio de bens e serviços.
De acordo com a economista Tânia Bacelar, o momento requer cautela, mas é preciso compreender Pernambuco viveu anos muito promissores. “O Estado está vindo de um período muito bom e agora vivenciamos um momento de crise, mas quem viveu em Pernambuco na década de 1990 sabe o quanto era difícil. Nos últimos anos, tivemos mais qualificação profissional, interiorização das faculdades e tudo isso tornou Pernambuco mais preparado”, disse.
Para a economista, fatores como o rendimento e a queda no emprego formal, são os que mais atingem o varejo em Pernambuco. “O comércio ia bem quando o emprego se formalizou, aumentou a oferta de crédito. O cenário atual faz com que a dinâmica do comércio comece a cair”, explicou. Outro fato que contribuiu para a desaceleração da economia foi a finalização da obra da Refinaria Abreu e Lima. “Foram gerados naquela região 42 mil empregos, com o fim dos trabalhos já era esperado a queda da empregabilidade, o momento ainda coincidiu com a operação Lava-Jato e o desaceleramento da economia” disse.
Apesar do cenário preocupante, a economista ressalta que em período mais difíceis há oportunidade de criar alternativas. “Por ter passado por um momento tão promissor, Pernambuco pode buscar novas alternativas. O impacto psicossocial da crise se amplia pela fase vivida anteriormente de grande dinamismo. No entanto, a qualificação e o empreendedorismo podem criar oportunidades, principalmente, nas cidades médias”, enfatizou.